Em primeiro lugar, não estou atacando o direito dos surdos que moveram a ação contra o Concurso Público da Educação do Estado do Amapá promovido pela Fundação Universa no dia 14 e 15 de julho de 2012, sei que posso ser criticada por colocar minha sincera opinião. Vou citar minha colega Só Ramires do Blog SULP (Surdos Usuários da Língua Portuguesa):
“Não sou contra o uso de LIBRAS, mas sim faço questão de lembrar que esse recurso não promove educação de todos os surdos.”
Quando me deparei com essa notícia, pensei muito de que maneira colocaria no meu Blog sobre isso, afinal, é um assunto muito delicado, concordo com Só Ramires, só para eu não queimar a língua do por quê não concordar com algumas coisas, deixarei algumas considerações aqui:
Eu prestei concurso para Fundação Universa dia 23 de Junho de 2012, eu coloquei que era uma pessoa com deficiência, que fazia leitura labial e não fazia o uso de LIBRAS, no dia da prova, cheguei lá e tinha duas fiscais, e fiz a prova tranquila e sozinha sem depender de ninguém, eu não precisei que eles traduzissem toda a prova pra mim, afinal, eu sei Língua Portuguesa e faço o uso dela diariamente na minha vida, e também ia fazer esse concurso da Educação, mas acabei não me inscrevendo porque não tinha pra minha área, e cá entre nós, eu não estaria incluída na luta deles, com todo meu respeito, porque eu não sairia prejudicada por falta de um bom e vários intérprete de LIBRAS e este não ter TRADUZIDO a prova direito.
Eu fiquei pensando aqui, eles querem que traduzam todo o texto da prova, então eles não sabem português? Isso mesmo, fiquei indignada com isso, afinal, eu creio que nossa primeira língua deveria, sim, ser o português e depois LIBRAS, e esta torna-se opção de cada um. E ainda coloco, eles não estão errados em processar, afinal, a educação passada a eles foi baseada nas LIBRAS e a Fundação Universa errou ter colocado apenas um intérprete pra muita gente ,falta de uma sala só para eles e fora o uso de câmeras, portanto, é um direito deles e está na Lei.
Agora, pensei o seguinte, acho um exagero querer cancelar o concurso, muita gente sairá prejudicada, todos os concurseiros sabem português, inclusive, outras pessoas com deficiência, e não deixo de enfatizar, quem leva a culpa disso tudo são os profissionais que pregam a todo custo que surdos deveriam aprender APENAS LIBRAS e não dando opção a eles de aprenderem português, pelo menos, ler e escrever.
Abaixo a reportagem sobre o ocorrido:
Fonte: Portal Amazônia (20 de julho de 2012).
A denúncia foi feita por deficientes auditivos que se sentiram prejudicados
Redação - jornalismo@portalamazonia.com
MACAPÁ – A Promotoria de Justiça e Cidadania notificou nesta quinta-feira (19), a Fundação Universa, responsável pela realização do concurso da educação ocorrido no último fim de semana, por descumprimento a Lei 10.436/2002 que garante a inclusão da Língua Brasileira de Sinais (Libras) nas esferas municipais, estaduais e federais como meio legal de comunicação e expressão de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria.
A denúncia foi feita por 34 candidatos com deficiência auditiva que se sentiram prejudicados pela maneira como a prova foi aplicada. Os denunciantes relataram que na sala em que fizeram prova havia só um intérprete de libras que demonstrou despreparo e, ainda, não traduziu todo o texto da prova, alegando que não podia. Eles também reclamaram de câmeras direcionadas somente a eles.
Para os deficientes auditivos, o constrangimento sofrido dentro da sala de provas prejudicou o desempenho de todos os candidatos que precisavam de um tradutor de libras capacitado e que desenvolvesse seu papel adequadamente, conforme está previsto na Lei. Ainda segundo a denúncia, a Fundação Universa não se preocupou em reservar de forma organizada uma única sala para todos os não ouvintes fazerem a prova.
De acordo com o promotor de justiça Pedro Leite, após receber a notificação pedindo esclarecimento do ocorrido, a Universa tem dez dias, prazo estipulado por lei, para encaminhar resposta à Promotoria de Justiça. Com base na justificativa da Fundação e se for confirmado os itens que constam na denúncia e que infringem a lei, a instituição será obrigada a aplicar uma nova prova para os candidatos que foram prejudicados.
Caso a Secretaria Estadual de Educação e a Fundação Universa se recusarem a aplicar uma segunda prova para os candidatos prejudicados, o concurso poderá ficar inválido para todos que participaram do processo seletivo. Isso ocorrerá se os deficientes auditivos ingressarem com uma ação civil pública pedindo anulação do concurso na Justiça.