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18 junho 2010

Uma crítica a um artigo sobre os Surdos Oralizados

No início de Maio estava procurando algum artigo que debatesse idéias sobre as diferenças entre surdos sinalizados e surdos oralizados, procurei durante horas a fio e me deparei com um artigo que me deixo um tanto, mas tanto assustada, da maneira como a pesquisadora colocou que chega a passar uma mensagem de forma preconceituosa e sem o mínimo de conhecimento de forma abrangente. O nome é:

 A Educação Inclusiva e os Diversos Olhares de Flaviane Reis ela é Pedagoga, Diretora Administrativa da FENEIS, Mestranda em Educação na linha de pesquisa: Educação e Processo Inclusivo pela UFSC.

 Aqui vou colocar alguns trechos que considerei equivocados demais pra nossa realidade:
Ela começa bem legal e coerente como aqui:

Os estudos com relação a essa área de educação de surdos foram marcados por transformações no que se refere á educação que nós queremos, modo de cultura, estudos, metodologia educacional de surdos, pesquisa educacional, busca de uma identidade, construir a sua história-cultural, construir uma intercultural entre a relação de surdos e ouvintes numa escola inclusiva, além de tudo, formar os professores surdos.

Depois começa a falar mais especificamente dos Surdos Oralizados:

Com a relação dos surdos que usam o oralismo, do ponto de vista, é uma ideologia dominante, porém é o desejo de ouvir que está acompanhando o modelo ouvinte devido da influência da sociedade. Mantendo a ideologia dominante.

Minhas Palavras: Ideologia dominante? Como assim moça? Ideologia porque a maioria da população é ouvinte e os que nascem surdo também querem ouvir, mas é claro que queremos ouvir! É claro, porque afinal, ninguém quer ficar surdo e eu nunca desejo a  alguém ser surdo, é uma etapa difícil na vida de um surdo, mas a força de vontade evoluiu os surdos oralizados, o fato de falarmos é uma adaptação evolutiva, um meio de sobreviver, a sociedade influencia sim, mas não de forma ideológica dominante, e sim, ela nos dá a ferramenta de enriquecimento para falarmos pois precisamos sobreviver, mas aqueles, como eu que nunca poderão ouvir, conquistamos nosso lugar na sociedade sendo surdos oralizados e temos a plena e clara consciência de que nunca poderemos ouvir, portanto a ideologia dominante perde seu lugar e passa a ser a ideologia do direito de ser feliz e construirmos uma vida normal.

Continuação da pesquisadora:

O que percebo nos surdos oralizados apresenta o sujeito surdo não podia reconhecer somo surdo, mas sim como não normal, era veste e obrigado a se ver a partir da perspectiva do que ele não podia fazer, e qualquer tentativa de formação de identidade cultural era abolida como uma tentativa de formação de guetos e segregação. É claro que alguns surdos conseguiram sobreviver a toda essa relação de poder, e, no entanto isso se deu através de um processo constante de negação da tentativa de rotulação etnocêntrica.


 Isso que você colocou sobre o sujeito surdo oralizado não reconhecer como surdo, é uma realidade tão primitiva quanto na era das cavernas ou até bem antes da origem dos Homo sapiens, mas falando sério, pode ter sido aplicada até no século 19, mas hoje em dia não se aplica mais, surdo oralizado (graças a estudiosos compreensíveis) se reconhecem como um surdo, onde seu ouvido passou pro problemas médicos graves e congênitos que originou vários graus de surdez, mas simplesmente somos oralizados porque é a melhor maneira de comunicação, no nosso ponto de vista. Infelizmente, antigamente, a tentativa de formação cultural foi abolida para todos os tipos de enfermidades físicas. Aqueles que conseguiram sobreviver nunca falavam que eram surdos, lembra do compositor Beethoven? Ele fez de tudo pra esconder sua deficiência com medo de perder o posto na música clássica, e ele falava, mas isso não foi nada bom pra ele, até que ele aceitou a realidade e fez mais sucesso do que nunca, continuando, aqueles que sobreviveram nunca falavam que eram surdos, mentiam! E nós surdos oralizados nunca fazemos isso, deixamos claro que temos uma deficiência auditiva.

Outra colocação:

Tudo isso, a ideologia dominante, os ouvintes usou a sua transição com os efeitos que desejava, com a influência da medicina, área de saúde, pais e familiares de surdos, dos professores daqueles surdos representam hoje, e que trata de um conjunto de representações dos ouvintes, e que devem olhar-se e narrar-se como se fosse ouvinte. Portanto, destacamos nas palavras que está comparando em relação dos surdos oralizados

Nossa moça, viver como se fosse ouvinte por causa da medicina e área de saúde e até pais e familiares, sinceramente, mas nesse ponto há uma equivocação muito óbvia, no início pode ter sido assim, como expliquei acima, mas hoje em dia, surdos oralizados não é sinônimo de se passar por ouvinte...

Continuação abaixo!



Agora colocarei aqui os trechos no meu ponto de vista, até agora, mais absurdos que já li em toda minha vida:

No decorrer do tempo, está tendo algumas dificuldades entre os surdos oralizados na educação inclusiva, porém, dentro da sala de aula, tem muitos deles não conseguem compreender e fazer produção nas palavras sintáticas. É obviamente, dentro de alguns deles conseguem captar a sua capacidade de compreensão mas a maioria deles não conseguem acompanhar devido da língua portuguesa que não é a língua natural dos surdos. É o que está tratando de uma forma estereotipo e estigma adquirindo ao longo do processo de socialização do sujeito surdo.

                Os surdos oralizados, de acordo com o que observo a situação dele, que está sendo deslocamento da identidade surda, busca de uma identidade ouvinte e contra-cultura.

                Quando falo nesta educação, me refiro á educação em geral, o que me preocupo com os surdos oralizados, porém, como eles podem provar os seus espaços políticos, sócio-cultural e educação de surdos? E também como podem compreender o significado das palavras? Dentro da educação inclusiva, onde está o modelo do surdo?

                Portanto, me pergunto onde está a identidade dele? Do qual a identidade que ele tem? Por isso vejo a situação dos surdos oralizados que está tendo a identidade flutuante e está em cima do muro, e não sabe caminhar e escolher o que ele quer de verdade, e também sempre vem muito sob a influência dos ouvintes. Pode ter alguma crise de identidade,

tem muitos deles não conseguem compreender e fazer produção nas palavras sintáticas. É obviamente, dentro de alguns deles conseguem captar a sua capacidade de compreensão mas a maioria deles não conseguem acompanhar devido da língua portuguesa que não é a língua natural dos surdos


O que você coloca acima dá uma vontade de ser grossa e ignorante, mas como é um debate, aqui vai minhas sinceras palavras:

Produção nas palavras sintáticas? Bom, eu conheço a língua portuguesa, tão bem quanto sei o dia do meu aniversário, mas ironicamente, num é os surdos sinalizados que não compreendem as palavras sintáticas e a compreensão porque não conhecem a língua portuguesa porque obviamente ela é a língua natural e logicamente a primeira a ser aprendida? Eu acompanho a língua portuguesa quando fiquei surda com 4 anos, tive que aprender a ler e escrever com 4 anos, mesmo surda, e não existe língua natural de surdos, isso é um absurdo, língua de sinais precisa evoluir, surdos sinalizados, a maioria deles, não sabem ler e escrever, o que é uma precariedade, por isso LIBRAS  não pode ser considerada língua natural.

Os surdos oralizados, de acordo com o que observo a situação dele, que está sendo deslocamento da identidade surda, busca de uma identidade ouvinte e contra-cultura.

Deslocamento da identidade surda? Contra-cultura? Desde quando ter uma deficiência é sinônimo de cultura de mostrar sua identidade? Porque ser surda é preciso ter uma cultura, isso não causa conflito e exclusão social? Onde surdos só podem viver com surdos, paraplégicos só podem viver com paraplégicos e por ai vai? Seria sim, uma verdadeira exclusão social, um vivendo lá e outro cá, criando uma separação e perdendo o verdadeiro sentido da unidade, comunidade e HUMANIDADE, o certo não seria: identidade cultural Brasileira, temos que separar o verdadeiro significado de cultura com as deficiências.

Portanto, me pergunto onde está a identidade dele? Do qual a identidade que ele tem? Por isso vejo a situação dos surdos oralizados que está tendo a identidade flutuante e está em cima do muro, e não sabe caminhar e escolher o que ele quer de verdade, e também sempre vem muito sob a influência dos ouvintes. Pode ter alguma crise de identidade, o que vem nas palavras:

Sabe qual é minha identidade? Sou Brasileira, Macapaense, tenho 22 anos, faço Biologia na Universidade federal do Amapá, amo comer açaí, maniçoba, Vatapá e tacacá, moro numa Cidade onde viveram os Tucupis e Guaranis, e tem um beija Flor raro com cor de fogo e vermelho que até esqueci o nome, sou surda sim, mas isso não é cultura, é um infeliz acontecimento, no qual peguei meningite quando criança que me deixo com surdez profunda, mas isso não tira de mim o estatuto como cidadã e adquirir meus direitos, muito pelo contrário, tudo que conquistei até agora está no lugar, enfim, minha cultura é ser Brasileira que ficou surda, mas tenho cultura e sou Brasileiro com muito orgulho e torço euforicamente pro Brasil na Copa! Hauahahuahua



E depois ela começa a falar dos surdos que sabem libras, dizendo que se dão melhor na sociedade que os surdos oralizados:
Na parte dos surdos que usam
 Libras, é tudo pelo contrário dos surdos oralizados que está na parte fundamental da identidade surda devida da cultura, língua natural, movimentos políticos, relação do poder, além de tudo que é totalmente diferente dos ouvintes, porém, sempre busca a sua produção cultural como a língua, cultura, arte, identidade, história, leis, tecnologia e pedagogia da diferença.

É muito importante ter uma construção da identidade porque tem a sua história própria para fortalecer aos nossos povos surdos, que é a nossa visão dos surdos que somos os outros.
É muito importante ter uma construção da identidade porque tem a sua história própria para fortalecer aos nossos povos surdos, que é a nossa visão dos surdos que somos os outros.
Ao definir o termo ‘Diferença’ continua polêmico devido dos termos da deficiência ou diversidade, mas continuo defendendo esse termo para que eles os tenham os seus respeitos aos surdos que eles querem, mas na verdade esse termo de deficiência ou diversidade é realmente são normas transparentes que mascaram as conseqüências políticas como estratégia para ocultar.

Portanto, a diferença é como a construção política, que é muito importante para os povos surdos, escolas e intérpretes de Língua de Sinais, processo da formação dos professores ouvintes no projeto da educação para uma diversidade de focos: identidades surdas, histórias, discutir sobre educação inclusiva e educação de surdos na relação entre trabalho e educação e artes e culturas surdas na relação entre estudos surdos para criar o currículo dos surdos, além do novo paradigma da escolarização e formação dos professores surdos. O que falo em diversidade, deficiência está se vendo um aluno com um problema que precisa ser sanado e não um aluno que por ter um problema possui cultura diferente e que ao invés de saná-lo precisa se adequá-lo.

Quanto á sua representação de grupo, que é o próprio pertencimento dentro da sua subjetividade que está dentro dos nossos povos surdos, que é uma parte de militante a defender da nossa cultura, nossa língua, participam nos políticos e nossa educação que nós queremos para poder inserir-se no social fazendo uma parte de um grupo de uma forma naturalmente.

Do ponto de vista, a educação inclusiva sempre vem muitas dificuldades por falta de formação dos professores que saibam de Libras, por falta de intérpretes profissionais e formandos de pedagogias, por falta dos professores surdos. O que vejo a palavra inclusão é como conceito bonito e desejável, mas na prática funciona como exclusão. Exclusão da comunicação, exclusão da real participação, mas não é só para as escolas de surdos e escolas inclusivas, porém, é a sociedade que manda e impõe-los o que os políticos querem.



Que nosso povos surdos? De onde tirou esse absurdo? Não existe povos surdos, existem apenas surdos, cada um construiu uma ferramenta de evolução na sociedade, uns preferem as libras, outros sabem libras e são oralizados e aqueles como eu que são apenas oralizados.

Da maneira como você colocou, povos surdos, está abrindo as portas para a exclusão social e não inclusão como você acredita, não existe povos ouvinte, seria um absurdo, seria criar conflitos sociais e não temos mais tempo para isso hoje em dia.

O fato de eu ser brasileira me dá o direito de votar, entrar na política e lutar pelos meus direitos e não o fato de eu ser surda.

Isso me deixo constrangida e me dei conta que precisamos é lutar para mudar a atitude da educação para abrir a mente e encontrar novas ferramentas de inclusão de surdos e mudos na sociedade e a 


Libra não é a solução final de nossos problemas, a oralização 

no meu ponto de vista é um avanço mas não a resolução final, pois todos tem suas dificuldades e precisamos estudar mais para aprimorar!





Esse artigo merece uma VUUZELADA!!!!






5 Comente!:

Unknown disse...

"a ideologia dominante perde seu lugar e passa a ser a ideologia do direito de ser feliz e construirmos uma vida normal."

Falou tudo Gabi!
Mto bo seu debate, concordo 100% com o que diz.
Amei seu blog, vou seguir!
Bjos

Gabi VA. disse...

é sim, temos que lutar acima de tudo pelo nosso direito de ser Feliz! Vc me segue no Blogger e encontrei vc no Orkut, vc já sabe né, li sua história no DNO e amei tb, fico feliz em saber q não somos os únicos, q lutamos pelos mesmos direitos! mais uma vez o brigadaaaaa!

Volátil disse...

Oi, Gabi, como vai? Achei muito legal o seu blog, minha irmã me passou o link. Muito interessante a sua crítica, fiquei pasma com as palavras da tal pedragoga...

Unknown disse...

Amei td que vc disse, eu tb sou surda e com orgulho, pois foi assim que Deus permitiu que eu viesse ao mundo, então o jeito é agradecer, pois tenho saúde. E estou formando em Pedagogia. Quem me impediu? Ninguém. Aqui estou vitoriosa, e quem pode falar que não somos capazes? Ninguém. Isso aí, conte comigo.

Gabi VA. disse...

Olá Ellen, fico feliz que você superou tudo para chegar onde está, realmente somos vitoriosas, percorremos caminhos a nossa maneira para que o resultado seja apenas um: ser feliz e buscar melhores oportunidades de vida.

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