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20 janeiro 2010

Treinando o Bom e Velho Português.


Minha vida em Belém era assim:


Eu era uma criança ocupada o dia todo, mas tinha tempo também pra brincar (é claro).


Além de ter conseguindo uma vaga no Felipe Smaldone, eu ainda fui matriculada numa escola particular bem pertinho de casa, na verdade na rua da minha casa, que ficava no início da minha rua, eu a- do- ra- va, porque eu ia a pé sozinha, aquilo me tava uma independência maravilhosa, de chegar na escola sozinha e procurar meu lugar bem na frente da professora. Minha mãe fez deixando eu fazer isso, pois me ajudou a me virar sozinha em tudo.


Então, era assim: eu acordava cedinho, uma seis da manhã, tomava meu banho, é claro, minha mãe que me acordava. O engraçado, todo dia ela me tava uma mamadeira no café da manhã (mas como eu era fresca!) aquele leite quetinho especial que só minha mãe sabia fazer, eu tomava ele na cama mesmo e a-do-ra-va, ou melhor, a-ma-va! 


Terminando meu leite, ia tomar banho, eu mesma arrumava meu cabelo, penteava, calçava meu tênis, um maiô azul e uma saia branca plissada, terminando, e eu e mamãe íamos pegar dois ônibus para chegar ao Felipe, eu morava na Cidade Nova 5, e o Felipe Smaldone ficava bem no centro de Belém, então era muito longe ( pra quem mora em Belém sabe do que estou falando!). Mamãe me deixava lá e me esperava até eu terminar, e íamos embora bem na hora do almoço, nessa hora, eu me lembro muito bem, era insuportável, aquele montão de gente esperando o ônibus, aquele ônibus lotado e eu ficava com falta de ar, sério mesmo, eu passava mal, ficava com enjôo, porque era muita gente, pelo amor de Deus hauhauahuahuahuhua.


Chegávamos em casa e almoçávamos, depois tomava novamente meu banho, fazia aquele ritual de beleza, colocava meu uniforme, no qual o nome da minha escola era Céu, e colocava novamente minha saia plissada, mas dessa vez era azul, acho que eu adorava saia plissada hein?! 


E lá ia eu em plena tarde debaixo do sol, andando na calçada, olhando casa por casa, em direção a minha escola e voltava à tardinha lá pelas 5 da tarde e chegava em casa tomava meu banho e colocava minha roupa e ia brincar, ou andava de bicicleta ou andava de patins ou bolava uma brincadeira com minhas vizinhas. e mais alguma coisa que nem lembro mais.


Depois de algumas hooooras, lá vinha minha mãe me chamando pra entrar porque era hora de fazer o treino da Al-Fa-Be-Ti-Za-Ção. Eu todo suja, e adivinhem? Tinha que tomar outro banho, mas nessa nada de ritual de beleza!


Era meu pai e minha mãe comigo na sala de casa, eles pegavam o meu caderno de alfabetização e ficavam treinando comigo a minha fala e voz, era aquela coisa toda que a fonoaudióloga recomendou, eu tocava na garganta deles pra sentir a vibração das palavras e colocava a mão na frente da boca deles pra sentir o vento saindo, como por exemplo, o F, quando o pronunciamos sai um ventinho da nossa boca e com o V não sai, era assim, é claro, tinha que fazer isso com todas as letras do alfabeto no nosso bom e velho português.


Gente! Era assim todos os dias, todo santo dia, tinha dias que eu ficava de saco cheio, mas tinha que fazer ou apanhava hauhauahuahauhauhua. A dedicação dos meus pais por mim é uma realização de vida, amor, e força de vontade e mais outras palavras indescritíveis. 

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